Carta de amor ao Psicanalista
E, escrevo eu sem inspirada estar,
Ai se estivesse,
Escrevia o mais belo poema de amor,
Porque amor é muito mais do que tudo o que alheio se parece,
Amor pois, será o infinito que não mais em gotas se seca,
Palavras que não mais findam,
O ciclo incessante que não se esgota,
O rio que não gela,
O mar que além vista se perde,
O aquém do que ainda forma tomou,
O fetal que ainda não nasceu
Que a cada dia se contorce
Na procura de um lugar
Onde além um dia possa ser,
Tudo isto és tu,
Tudo isto é voo,
Expansão, universo e vida,
Esperança e turbulência,
Inquietação e acalmia,
Prazer e diluvio
Na procura de mim,
Da luz que não mais vais escurecer,
E, que ainda que sopro paire,
Sua forma não se desvanece
Porque em mim,
Me deixaste aquela terra
Entre catos, espigas, lírios e rosas
Que não mais se vai secar, nem tão pouco encharcar,
Nos mais áridos desertos e cegos lagos,
Estéreis e ignorantes muros brancos,
Nesse lugar, ao invés,
As palavras (filhos nossos) me deixas-te!
Março de 2014