Gatos comunicantes e explosivos

Já Edgar Allan Poe pronunciava, "Gostava de escrever tão misteriosamente como um gato"; ou Théophile Gautiier “Se souberem ser dignos de um gato, ele tornar-se-á vosso amigo, mas nunca vosso escravo."
Vivo com gatos há mais de vinte anos. Divido-me entre a sua rebeldia, independência, liberdade e audácia e o desejo secreto de depender como um cão. Gosto do ronronar dos gatos, do seu macio pelo e cheiro, da sua autonomia e agressividade, da sua improvisação, da ternura e das suas garras.
Também Colette vivera rodeada de gatos, eram os gatos de Paris, dos telhados e pátios, eles eram páginas vivas de uma existência rebelde e livre obedecendo aos imperativos do instinto e paixão.
No dia da morte da escritora os gatos de Paris em bando, gritaram o seu luto, como só os gatos sabem enunciar, integrando o silêncio mais honrado com a tristeza mais discreta.
Napoleão não suportava gatos por perto, já Júlio César também não. Mas Colete sabia, que o que ambos temiam nos gatos não era o efeito alérgico, mas sim a impossibilidade absoluta de os dominarem. Há rejeições que afinal, são simples de explicar.
Nós somos como gatos e combustível: dominarem - nos, muito difícil; alimentamo-nos e incendiamo-nos, assim somos nós, Gatos Comunicantes e explosivos!

(Este texto foi inspirado no livro Amados Gatos de José Jorge Letria)

16 de março de 2013

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